quarta-feira, 13 de junho de 2012

A sujidade que confunde

 Mesmo sujo, governo quer rio Pinheiros sem cheiro foi o desastroso título editado em 8 de abril no caderno Cotidiano do jornal Folha de S. Paulo. Tal título corre o risco de induzir o leitor a fazer mau juízo de instituições governamentais.
Deixando de lado a interpretação política resultante, apesar de o momento político favorecê-la, percebe-se que o redator não quis classificar o governo como sujo, já que fala do rio Pinheiros, tradicionalmente malcheiroso.
Mas pensemos na confusão que se pode criar em campanhas com manchetes e denúncias exibidas vapt-vupt em horário eleitoral, mostrando títulos sem contexto. Todo cuidado é pouco!
Melhor seria, portanto, o redator ter tido mais trabalho para achar solução, digamos, mais limpa, a fim de evitar equívocos desnecessários. Bastaria afastar o adjetivo "sujo" do respeitável substantivo "governo". Assim, teríamos: 
O rio Pinheiros sem cheiro, ainda que sujo, é a meta do governo.
Ou em jornalês telegráfico:
Governo quer rio Pinheiros sem mau cheiro, mesmo que sujo.

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Quem sou eu

Mirian Rodrigues Braga é mestre e doutora em Língua Portuguesa pela PUC/SP. Especializou-se em analisar as obras de José Saramago. Em 1999, publicou A Concepção de Língua de Saramago: o confronto entre o dito e o escrito e também participou da coletânea José Saramago - uma homenagem, por ocasião da premiação do Nobel ao referido autor. Em 2001, publicou artigo na Revista SymposiuM da Universidade Católica de Pernambuco. Atuou como professora-assistente no Curso de Pós-Graduação lato sensu da PUC/SP. É professora de Língua Portuguesa e Redação no Ensino Médio e Curso Pré-Vestibular do Colégio Argumento.