terça-feira, 29 de maio de 2012

Vestibulares de inverno: a prova de redação

Pensando em ajudar os alunos a delinear o perfil de redação das universidades que realizam suas seleções de inverno nas próximas semanas, sinalizo as tendências temáticas dos últimos dois anos.
A Unesp prefere manter a tradição de pedir um texto dissertativo-argumentativo e apresentar uma coletânea de textos motivadores. Em 2009, aproveitando o sucesso do Twitter, a banca pediu redação sobre o tema Tecnologia e invasão de privacidade. O texto de apoio apresentava uma foto de Chico Buarque com uma mulher casada, tirada por um paparazzo. Já em 2010, cobrou a importância dos valores para a sociedade, apresentando uma pesquisa em que os brasileiros atribuem a situação do País, em áreas como educação e violência, à falta de valores morais. Em 2011, com a abrangência dos tablets, perguntou qual seria o futuro do livro.  
O Mackenzie não diz explicitamente o assunto da redação: pede uma dissertação que discorra sobre traços comuns ao material de apoio. Em 2009, a proposta de redação mostrou-se muito subjetiva: A eterna busca, em que o candidato deveria associar ideias dos textos ao seu repertório de conhecimento de mundo e conhecimento enciclopédico. Já em 2010, os textos de apoio tratavam da escassez e desperdício de água, e Tá com sede? foi a pergunta mote para a dissertação. Em 2011, o tema comum foi o gerenciamento do lixo urbano. A intenção foi mostrar a importância de Estado e cidadãos numa postura mais proativa em face ao problema.  
A PUC-SP aplica prova temática, de modo que todas as disciplinas e a redação giram em torno de um mesmo assunto. Em 2010, cobrou uma dissertação sobre a imagem que o brasileiro tem hoje da capital federal. O tema da redação de 2011 pedia que o candidato escrevesse uma carta para um jornal local, analisando as vantagens e desvantagens de sua cidade ser incluída no trajeto do trem-bala.
A FGV apresenta uma prova em que interdisciplinaridade, conexão de temas com a futura atuação do candidato e reflexão deverão estar associados. Em 2009, Janela demográfica exigia que os candidatos discorressem sobre fatores sociais, culturais e econômicos que pudessem explicar a tendência de queda da taxa de natalidade e as mudanças na pirâmide etária brasileira. Em 2010, a redação com tema Meritocracia baseava-se em um trecho de "A Ralé Brasileira", de Jessé Souza. Exigia que o candidato definisse meritocracia e apontasse como ela se manifesta no País. Barbárie e humanismo na Europa contemporânea foi o tema da redação de 2011. Cabia discutir xenofobia e resistência a uma sociedade multicultural.
O INSPER, pela primeira vez, vai pedir duas redações no vestibular. Os textos deverão ser dissertativos, tendo entre 10 e 30 linhas. A redação de 2009 cobrava uma reflexão sobre o papel da TV como o "atual ópio do povo". Em 2010, foi usada uma charge e trechos de "A hora da estrela" e "Dom Casmurro" para motivar o candidato a escrever sobre Solidão: perdas ou ganhos. No último exame, o tema foi O papel da mídia digital nas sociedades, exigindo do candidato seu conhecimento prévio, já que não apresentou texto de apoio.
A ESPM oferece ao candidato escolher o tema de sua redação entre duas opções. Em 2010, o primeiro tema focava o senso crítico necessário para achar informações confiáveis na web. O segundo abordou a China (sociedade e ambiente). Baseado em um texto sobre Bono, em 2011, o primeiro tema discorria sobre o apoio do artista a causas sociais e ambientais. Se preferisse, o candidato poderia escrever sobre o Brasil na economia mundial.
Sabemos que nem toda redação de vestibular é uma dissertação, e que nem toda prova tem só uma proposta de redação. Portanto, não podemos perder de vista que, para garantir uma boa nota em competência escrita, é necessário treinar também outras modalidades textuais. Isto significa escrever, escrever e escrever. Esse é o caminho que  coloca o candidato em larga vantagem em qualquer processo seletivo. Então, não resta outra saída que não seja o enfrentamento: vamos à luta!

terça-feira, 22 de maio de 2012

ROCK DIDÁTICO: SUJEITO SIMPLES

Já há algum tempo, professores de 3º colegial e de cursinho utilizam ritmos e melodias populares para ajudar os alunos a memorizar os conteúdos das disciplinas. A estratégia é bastante usada, principalmente, nas aulas de português, cuja gramática cheia de regras e exceções, às vezes, torna-se um obstáculo ao aprendizado. Foi a partir dessa ideia que dois músicos de Curitiba (PR) - Jessica Steil e Marcelo Darcini - pensaram em gravar canções, versando sobre alguns tópicos do conteúdo normativo da língua portuguesa que mais confundem a cabeça dos estudantes. Surgiu daí a banda Sujeito Simples, a primeira de que se tem notícia no gênero "rock didático". Canções como Preposição, Advérbio, Crase e Pronomes Pessoais, entre outras, brincam com conceitos caros à gramática da língua portuguesa, valendo-se de letras que reveem e fixam regras e ensinamentos do idioma sem deixar de lado os vocais e as guitarras distorcidas característicos do rock'n'roll.
Sem dúvida, é mais uma opção, descontraída e alegre, de se aprender um pouco mais a língua de Camões. 
Mais detalhes: www.sujeitosimples.com.br 

Quem sou eu

Mirian Rodrigues Braga é mestre e doutora em Língua Portuguesa pela PUC/SP. Especializou-se em analisar as obras de José Saramago. Em 1999, publicou A Concepção de Língua de Saramago: o confronto entre o dito e o escrito e também participou da coletânea José Saramago - uma homenagem, por ocasião da premiação do Nobel ao referido autor. Em 2001, publicou artigo na Revista SymposiuM da Universidade Católica de Pernambuco. Atuou como professora-assistente no Curso de Pós-Graduação lato sensu da PUC/SP. É professora de Língua Portuguesa e Redação no Ensino Médio e Curso Pré-Vestibular do Colégio Argumento.