domingo, 12 de fevereiro de 2012

Portinari: Guerra e Paz

Fico feliz por abrir meu primeiro texto de 2012 com uma belíssima sugestão: conferir a exposição Guerra e Paz, de Portinari. Está imperdível!
São dois painéis, medindo 14x10m cada um, encomendados pelo governo brasileiro para presentear a sede da ONU, em Nova York. Entre 1952 e 1956, Candido Portinari dedicou-se com afinco no projeto, na excecução e na conclusão de seus últimos e maiores murais.
É surpreendente a abordagem totalmente inovadora criada por Portinari em relação aos temas. No painel Guerra, o pintor não identifica guerra alguma, isto é, não apresenta nenhuma arma, nem cenas sangrentas, corpos dilacerados, como se quisesse dizer que, em se tratando de guerras, todas convergem, fatalmente, para o desencadeamento do horror e da bestialidade, dispensando a referencialização explícita. Dessa forma, Guerra não carrega as cores bíblicas do fogo e do sangue, nem o preto, o branco ou o amarelo: é o azul que domina. As figuras são apresentadas ora em um grupo complexo, ora com corpos curvados, em genuflexo, ora com braços levantados com mãos em súplica e cabeças erguidas com os rostos voltados para o céu.
No painel Paz, encontram-se inúmeras reminiscências de obras anteriores de Portinari. Diferentemente de Guerra, as cores de Paz são mais suaves, com matizes que transmitem uma aura de encantamento e paz naqueles que o contemplam. Em tons reluzentes, alegres e cheios de vida, as figuras se apresentam harmoniosas, comungando a fraternidade tão esperada por todos nós.
Além dos painéis, a exposição reúne cerca de uma centena de estudos preparatórios de Portinari para Guerra e Paz, incluindo obras de coleções internacionais vindas de Londres e Milão. A exposição se completa com documentos históricos, como cartas, recortes de jornais e fotografias, que contam, em detalhes, toda a trajetória de criação dos grandiosos painéis.
Vale muiiiito a pena conferir.
Guerra e Paz, Salão de Atos Tiradentes e Galeria Marta Traba.
Memorial da América Latina (Metrô Barra Funda)
terça a domingo das 9h às 18h

Quem sou eu

Mirian Rodrigues Braga é mestre e doutora em Língua Portuguesa pela PUC/SP. Especializou-se em analisar as obras de José Saramago. Em 1999, publicou A Concepção de Língua de Saramago: o confronto entre o dito e o escrito e também participou da coletânea José Saramago - uma homenagem, por ocasião da premiação do Nobel ao referido autor. Em 2001, publicou artigo na Revista SymposiuM da Universidade Católica de Pernambuco. Atuou como professora-assistente no Curso de Pós-Graduação lato sensu da PUC/SP. É professora de Língua Portuguesa e Redação no Ensino Médio e Curso Pré-Vestibular do Colégio Argumento.