quarta-feira, 1 de junho de 2011

Woody Allen e Machado de Assis

Quem poderia imaginar que o cineasta americano Woody Allen, autor de clássicos como "Noivo Neurótico, Noiva nervosa" (1977), "Manhattan" (1979), entre dezenas de outros filmes, acabaria por reconhecer a genialidade de Machado de Assis.
Em depoimento ao jornal inglês "The Guardian" no mês passado, Allen elegeu "Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881) um dos cinco livros que mais impactaram sua carreira como diretor e comediante. O diretor, que em 2009 já havia manifestado sua admiração pelo Bruxo do Cosme Velho à imprensa brasileira, desta vez foi mais fundo nos elogios a Machado. Disse que ficou surpreso ao ver o quanto o livro mostrava-se charmoso e interessante, além de moderno e muito original.
Não que Machado não estivesse à altura de outros autores universais, como Dostoiévski e Kafka, também admirados por Allen, mas só pelo fato de Machado ter escrito em português numa época em que a língua tinha pouca relevância internacional (meados do século 19), já era uma desvantagem. Além disso, um elogio vindo de um artista como Allen, tão centrado em sua língua e sua ilha (Manhattan), só vem corroborar a grandeza de Machado de Assis para além das fronteiras do idioma.

Quem sou eu

Mirian Rodrigues Braga é mestre e doutora em Língua Portuguesa pela PUC/SP. Especializou-se em analisar as obras de José Saramago. Em 1999, publicou A Concepção de Língua de Saramago: o confronto entre o dito e o escrito e também participou da coletânea José Saramago - uma homenagem, por ocasião da premiação do Nobel ao referido autor. Em 2001, publicou artigo na Revista SymposiuM da Universidade Católica de Pernambuco. Atuou como professora-assistente no Curso de Pós-Graduação lato sensu da PUC/SP. É professora de Língua Portuguesa e Redação no Ensino Médio e Curso Pré-Vestibular do Colégio Argumento.